
Com o 25 de Abril de 1974 morreu definitivamente o Portugal providencialista - corrente espiritual do pensamento que teve em nomes como Agostinho da Silva, Fernando Pessoa e Sampaio Bruno, o expoente máximo de uma ideia de pátria, ressurgindo na década de 60 na obra de Carlos Eduardo Soveral, sobre a ideia da pátria una-pluricontinental.
Depois de um período marcado pelo vanguardismo revolucionário de inspiração comunista, o país entrou na Comunidade Económica Europeia. É o Portugal dos fundos comunitários, da tecnocracia, da prevalência das razões económicas, servidas por técnicos assépticos, sem opinião, oportunistas ao serviço dos chefes de ocasião, diga-se politicos. Dos orgãos de comunicação social - jornais e televisões, revistas, criando eles próprios os novos valores, modas e hábitos e vontades de consumo das populações, também eles ao serviço de interesses economicistas das grandes empresas entretanto criadas. É o Portugal de uma nova geração iPod e telemóvel em riste e da net, não obstante afastada e isolada do conhecimento da sua própria identidade histórica e cultural.
Com estas ideias de merda, exclusivamente utilitárias, esta gente instalada - como dizia alguém - nem sequer conseguiriam no século XV descobrir a Madeira.
É esta data 25 de Abril, que nos pedem mais uma vez para celebrar. Para lembrar os seus heróis e os seus nomes, as canções, os factos que a esta geração já nada diz. Fica para trás para as pessoas da minha geração a utopia da construção de uma sociedade mais justa, de liberdade, fraternidade e de humanismo.
O Portugal que fui educado, que aprendi a amar e a respeitar, independentemente dos regimes e dos desígnios da história, morreu definitivamente em 1974.