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Lote 46

quinta-feira, 30 de outubro de 2008


É verdade que a vida naquele tempo era triste e cinzenta. Os dias eram incomensuráveis, mas ainda assim havia calor e sorrisos incandescentes, nem que fosse sentido de forma contraditória. O largo ou a praceta de terra batida era o local de encontro da pequenada. Os rapazes jogavam à bola. As raparigas entretinham-se a saltar à corda, perante o olhar, por vezes severo ou embevecido dos mais velhos. As estações do ano eram todas iguais e previsíveis. Era difícil o mundo chegar até nós. Era assombroso o nosso isolamento, mesmo face às coisas mais belas da natureza e aos importantes acontecimentos que se erguiam após a demência e das cinzas de 1946. O pesadelo terminara vindo das vozes da rádio. Sr. Manuel a guerra acabou. Os aliados venceram! Meu avô deu um pulo na cadeira, tendo saído para a rua festejar. Havia uma grande necessidade de as pessoas se conhecerem e no pátio onde vivíamos todos eram solidários e de uma franqueza extraordinária. Foi assim nos tempos da minha infância. Esse mundo simples acabou definitivamente.

Falar é Preciso

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Nada mais patético do que as entrevistas dos jogadores de futebol depois de vencidos nas pugnas do fim-de-semana.

estamos todos tristes...agora há que levantar a cabeça...Já estamos a pensar no próximo jogo...temos que continuar a trabalhar...fizemos tudo para ganhar o jogo, não conseguimos. O futebol é isto mesmo.

O Mundo continua a querer nos tramar.

Lima de Freitas

quinta-feira, 23 de outubro de 2008


Por oposição à nossa sociedade da informação, do consumo, e da produção de estímulos fáceis, do imediatismo e da diversão, paremos para reflectir e olhar para os nossos pátios interiores.

Esta é em parte a síntese da obra e do pensamento de Lima de Freitas. Pintor, desenhador, filósofo, nascido em Setúbal (1927). Faleceu em Lisboa (1998).

Da sua obra destaco os 14 painéis destinados à estação ferroviária do Rossio, inspirados em Mitos e Lendas de Lisboa.

Decorre ciclos de conferências em torno da obra de Lima de Freitas até ao fim deste mês em Sintra na Quinta da Regaleira.

Trabalhos Desactivados III

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Convento das Bernardas (Tavira)

No extremo da cidade de Tavira, junto às salinas fica o antigo convento das Bernardas, desde 1530 entregue às Monjas de Cister. Já foi fábrica de moagem e de massas a vapor. Está desactivada já à algum tempo, prevendo-se que ali seja criado em breve um condomínio privado. É pena que este belo edifício não seja aproveitado pelo Estado para projectos bem mais aliciantes do que alojar famílias com posses. Mas entre deixar este edifício cair aos bocados, e a intervenção que se projecta, mais vale esta última solução.

Meditação

sábado, 11 de outubro de 2008

Vamos à missa? Mostro algumas igrejas e capelas que podem visitar no interior da Lusitânia, entrar e meditar sobre a nossa identidade como país agora muito ameaçado, pelos ventos da globalização moderna (económica e financeira), nós portugueses enquanto fazedores da primeira globalização espiritual que se conheceu.


Interior de capela (Arredores de Alandroal)


Igreja da N. Senhora da Encarnação e dos Mártires (Castro Marim)


Capela do Calvário (Peniche)


Igreja nos arredores de Pechão (Algarve)

Visual

terça-feira, 7 de outubro de 2008


Este é o meu novo visual. Espero que sintam geral conforto em estar aqui.

Ano de 68 e outras histórias associadas - 2ª. parte

sexta-feira, 3 de outubro de 2008


Já de barba serrada - deixei o "444" uma loção tipo geleia para as afecções e borbulhas da cara e que aconselho a adolescentes - passei ao "Old Spice". Ainda hoje o uso. E, lancei-me às feras.
Ficava-me a "matar" aqueles sapatos de lona com sola de corda e as camisas com bolinhas com várias cores e calças "Levis". Graças aos Porfírios estava na onda psicadélica da época. Estava longe de ser um "beatnicks" mas já usava cabelo comprido. Também usava uma sacola a-tira-colo, que transportava o Emile Zola com o seu "Germinal", uns livrinhos de bolso editados pela "Europa-América" que é fácil ainda hoje de conseguir. Ouvia a estação de rádio "Em Órbita" onde me apercebi da importância social que tinha nas pessoas da minha geração, as canções de Bob Dylan e Leonard Cohen. As minhas preferências políticas e de classe, já iam para a defesa intransigente dos operários e camponeses, mas só de longe vinham os ecos da deflagração estudantil generalizada em Paris, e da invasão soviética na antiga Checoslováquia que dificilmente chegavam a Portugal.
Gostei da praia de Armação de Pera, da vida tranquila de Silves, do deslumbramento que é o espectáculo das amendoeiras em flor, do topless da Monika, da algarviada da Elsa e do Germinal do Zola.