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Pessoal e Transmissível

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Moderadamente bebido, o vinho é medicamento que rejuvenesce os velhos, cura os enfermos e enriquece os pobres. Platão

Fruto de um certo sedentarismo e de uma alimentação errada, ultimamente a minha situação cardio-vascular não tem andado bem. Cansaço, batimentos acelerados do coração e ansiedade tem me causado alguma preocupação. Fui ao médico que me receitou uma série de comprimidos, além das habituais precauções que devia tomar, nomeadamente, deixar de fumar, e cuidar da minha alimentação. Assim fiz. Sinto-me melhor, mas os batimentos do coração, principalmente depois das refeições continuaram. Alguém me disse que ainda o melhor era conviver mais com o vinho às refeições. Segui o conselho. Afastei os medicamentos. E, não é que me sinto melhor! Há coisas fantásticas, não há!

Pergunta - Sabem como as enzimas fazem sexo? Resposta - Enzimas umas das outras.

Arquivos II

domingo, 28 de outubro de 2007

A cidade de Luanda fervilhava a um ritmo intenso onde nós militares forneciam uma dose de movimento, juventude e alegria.

Quando cheguei impressionou-me a terra numa tonalidade avermelhadada e quente num Abril igualmente com um sol radioso. Depois de uns dias no Campo Militar do Grafanil, enfrentrei pela primeira vez a cidade. Havia a necessidade de trocar os meus escudos que trazia da Metrópole por angolares numa terra que se dizia que era nossa. Não percebi. Esse change era realizado mesmo ali na rua junto a um café com bilhares num pequeno largo onde ficava um outro café o Versailles, onde comecei a frequentar com meus camaradas. Bem perto ficava a Mutamba, ponto de partida e chegada das camionetas de transportes públicos para diversos pontos da cidade. Percebi da qualidade de vida patenteada pelos brancos. O seu ar feliz nos fins-de-semana enchendo os cafés e restaurantes nas inúmeras esplanadas em contraste com os lugares mais lúgubres dos bairros de negros, onde às vezes me deslocava mas sempre acompanhado. Evitava lá ir fardado, porque havia notícias de rixas valentes com moradores e a soldadesca.

Nas férias pude apreciar a beleza da baía de Luanda à noite, onde na praia do Mussolo se podia tomar banho, beber uma cerveja, acompanhado com marisco que era barato. No dia do meu aniversário com dois amigos do meu pai que residiam na rua Luís de Camões, tive a oportunidade pela primeira vez comer lagosta, o que nunca mais aconteceu na vida. Na marginal extensa e movimentada destacava-se o edifício mais alto, o banco de Angola, era onde se tirava as fotos para mais tarde recordar. Terminava no porto de embarque e desembarque de navios, onde um dia deixei esta terra de indiscutível beleza.

Não havia apartheid, mas os serviços menos qualificados eram para os negros, engraxadores, vendedores de lotaria, empregados nas cozinhas dos restaurantes, arrumadores nos cinemas, e actividades congéneres. O ambiente era de uma certa harmonia social, apesar do ambiente de guerra e na constante presença dos militares.

Nunca perguntei o que estava ali a fazer nem considerei que estava a desperdiçar os melhores anos da minha vida. Mas o regresso foi festejado com alegria. Alegria do dever cumprido e ter conhecido a tão cantada África. Não tenho saudades, porque sou muito lisboeta.

Dedico estas simples palavras à muito humana bloguista Laura, sempre pronta a disponibilizar os seus tempos para me visitar com suas palavras simples.

Arquivos

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A guerra colonial era um espectro para todos os jovens portugueses da minha geração.

Por incrível que pareça os 2 anos que por lá passei em Angola considerei um serviço como qualquer outro. Até uma experiência positiva, um deslumbramento. Regressei mais crescido e enriquecido interiormente.

Éramos uns miúdos sem grande consciência política, sem uma opinião abalizada das causas profundas da situação, educados que fomos pela doutrina do Estado Novo. Pessoalmente, nunca considerei que Angola fosse nossa. O que desejava era que aquela experiência terminasse sem ser afectado por alguma bala perdida. Parece que o sentimento era geral, excepto nalguns oficiais milicianos onde se pressentia, devido a uma maior consciência política forjada nas universidades, um desencanto devido à interrupção forçada dos seus estudos. Por outro lado, não tinhamos aquele sentimento de amargura ou sofrimento, como foi descrito, por exemplo pelo escritor António Lobo Antunes no seu livro, Os Cus de Judas. Os dias eram sempre iguais, dividido que estava nas Ordens de Serviço que elaborava e batia à máquina de escrever todos os dias e nas rondas periódicas de ronda ao aquartelamento. Tive sorte, a minha especialidade não era o atirador que vai para o mato. A minha guerra decorria na secretaria com a caneta e a máquina de escrever.

O dia a dia com os africanos e a realidade da guerra, e no regresso à Metrópole, permitiu-me uma tomada de consciência diferente, reforçada com o contacto com amigos que deixei por cá, também eles já com uma visão diferente da situação do país. Vivia-se uma certa abertura marcelista.

Quicabo (Angola)

Destaco as principais causas da minha ideia de experiência positiva e actual nostalgia por esses tempos. A fabulosa amizade e solidariedade de todos nós naqueles momentos cruciais das nossas vidas. O despertar para outras realidades e vivências. Por fim conhecer, um pouco mais sobre a natureza humana e as suas reacções perante a adversidade e os perigos que felizmente não conheci.

Confesso que vivi.

A Pobreza

quarta-feira, 17 de outubro de 2007


Segundo estatísticas 20% da população portuguesa vive na pobreza. São 2 milhões de pessoas. Ao contrário do que geralmente se supõe, até não são as pessoas que não têm emprego, que estão naquela situação, mas uma certa classe média a mais atingida. São aquelas pessoas que contraíram créditos, ou que assumiram responsabilidades financeiras e que agora não conseguem honrar esses compromissos.

Lembro-me que no tempo do "cavaquismo" a par de um indiscutível progresso nalgumas áreas, embora de um progresso não muito bem sustentado, criou-se a ideia que possuir dinheiro e toda uma gama de produtos de consumo era fácil. Os bancos e outras instituições congéneres estavam dispostas a ajudar os cidadãos a realizar a viagem, a casa de sonho de uma vida, ou a fácil troca do seu Fiat Punto por um automóvel topo de gama. O empréstimo de dinheiro até para o homem das castanhas se tornou uma obsessão.

As causas desviantes deste mal estar social, a pobreza, são muito justamente devido a factores económicos e sociais, mas igualmente de natureza cultural.

Já aqui escrevi que, para além do relativismo de tudo, inscreveu-se na mente da população a ideia que a felicidade estava ali à esquina sendo o TER o suporte de tudo. Trabalha-se para o TER. Este é o lema principal da nossa actividade hoje em dia. Compro, logo existo.

Trabalhos Desactivados II

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

A Fortaleza de Peniche , situada na ponta da península sobre os rochedos frente ao mar data a sua construção no séculos XVI e XVII. O Forte foi construido para a defesa militar. Mais tarde foi utilizada como prisão na altura das invasões napoleónicas e pelo partidários de D. Miguel. Nos anos trinta a Fortaleza é utilizada novamente como residência pelos oposisionistas ao regime implantado a seguir ao 28 de Maio de 1926.

O Forte de Peniche depois do 25 de Abril de 1974 tornou-se um museu regional dedicado ao mar e tudo o que se relaciona com suas gentes e um Núcleo de Resistência com diversa documentação, mantendo-se intactas as selas onde passaram alguns presos políticos mais famosos, além do relato da célebre fuga de Álvaro Cunhal que, segundo escreve Jaime Nogueira Pinto no seu livro, António de Oliveira Salazar - Outro Retrato, teve a fuga facilitada para não se tornar incómodo para o regime.

Transições

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

O rio é a morte de muitas fontes e o mar é a morte de muitos rios; mas o rio no mar é mar. A consciência humana é também a morte, o sacrifício de muitas vidas animais e vegetais inferiores a ela. (Teixeira de Pascoaes)

Dia Mundial da Música

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Celebra-se hoje o Dia Mundial da Música.

Numa altura em que os políticos nos estão constantemente a dar "música". O mesmo acontece nos transportes públicos, nas estações e carruagens do "metro", nos restaurantes, nos centros comerciais, nas praias, nos intervalos das sessões de cinema, o estudo da música não é considerada pelos nossos governantes como uma disciplina obrigatória nas nossas escolas para educação dos nossos jovens.

Então celebremos por breves instantes este dia. Por mim, já ouvi hoje Johann Sebastian Bach nas Variações Goldberg BWV 988.

A cultura do espírito aumenta os sentimentos de dignidade e de independência (Herbert Spencer)