É verdade que a vida naquele tempo era triste e cinzenta. Os dias eram incomensuráveis, mas ainda assim havia calor e sorrisos incandescentes, nem que fosse sentido de forma contraditória. O largo ou a praceta de terra batida era o local de encontro da pequenada. Os rapazes jogavam à bola. As raparigas entretinham-se a saltar à corda, perante o olhar, por vezes severo ou embevecido dos mais velhos. As estações do ano eram todas iguais e previsíveis. Era difícil o mundo chegar até nós. Era assombroso o nosso isolamento, mesmo face às coisas mais belas da natureza e aos importantes acontecimentos que se erguiam após a demência e das cinzas de 1946. O pesadelo terminara vindo das vozes da rádio. Sr. Manuel a guerra acabou. Os aliados venceram! Meu avô deu um pulo na cadeira, tendo saído para a rua festejar. Havia uma grande necessidade de as pessoas se conhecerem e no pátio onde vivíamos todos eram solidários e de uma franqueza extraordinária. Foi assim nos tempos da minha infância. Esse mundo simples acabou definitivamente.
Falar é Preciso
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Nada mais patético do que as entrevistas dos jogadores de futebol depois de vencidos nas pugnas do fim-de-semana.
estamos todos tristes...agora há que levantar a cabeça...Já estamos a pensar no próximo jogo...temos que continuar a trabalhar...fizemos tudo para ganhar o jogo, não conseguimos. O futebol é isto mesmo.
O Mundo continua a querer nos tramar.
estamos todos tristes...agora há que levantar a cabeça...Já estamos a pensar no próximo jogo...temos que continuar a trabalhar...fizemos tudo para ganhar o jogo, não conseguimos. O futebol é isto mesmo.
O Mundo continua a querer nos tramar.
Postado por Carlos II às 21:56:00 6 comentários
Lima de Freitas
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Por oposição à nossa sociedade da informação, do consumo, e da produção de estímulos fáceis, do imediatismo e da diversão, paremos para reflectir e olhar para os nossos pátios interiores.
Esta é em parte a síntese da obra e do pensamento de Lima de Freitas. Pintor, desenhador, filósofo, nascido em Setúbal (1927). Faleceu em Lisboa (1998).
Da sua obra destaco os 14 painéis destinados à estação ferroviária do Rossio, inspirados em Mitos e Lendas de Lisboa.
Decorre ciclos de conferências em torno da obra de Lima de Freitas até ao fim deste mês em Sintra na Quinta da Regaleira.
Esta é em parte a síntese da obra e do pensamento de Lima de Freitas. Pintor, desenhador, filósofo, nascido em Setúbal (1927). Faleceu em Lisboa (1998).
Da sua obra destaco os 14 painéis destinados à estação ferroviária do Rossio, inspirados em Mitos e Lendas de Lisboa.
Decorre ciclos de conferências em torno da obra de Lima de Freitas até ao fim deste mês em Sintra na Quinta da Regaleira.
Postado por Carlos II às 10:50:00 1 comentários
Trabalhos Desactivados III
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Convento das Bernardas (Tavira)
No extremo da cidade de Tavira, junto às salinas fica o antigo convento das Bernardas, desde 1530 entregue às Monjas de Cister. Já foi fábrica de moagem e de massas a vapor. Está desactivada já à algum tempo, prevendo-se que ali seja criado em breve um condomínio privado. É pena que este belo edifício não seja aproveitado pelo Estado para projectos bem mais aliciantes do que alojar famílias com posses. Mas entre deixar este edifício cair aos bocados, e a intervenção que se projecta, mais vale esta última solução.
Postado por Carlos II às 18:40:00 1 comentários
Meditação
sábado, 11 de outubro de 2008
Vamos à missa? Mostro algumas igrejas e capelas que podem visitar no interior da Lusitânia, entrar e meditar sobre a nossa identidade como país agora muito ameaçado, pelos ventos da globalização moderna (económica e financeira), nós portugueses enquanto fazedores da primeira globalização espiritual que se conheceu.
Postado por Carlos II às 11:53:00 3 comentários
Ano de 68 e outras histórias associadas - 2ª. parte
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Já de barba serrada - deixei o "444" uma loção tipo geleia para as afecções e borbulhas da cara e que aconselho a adolescentes - passei ao "Old Spice". Ainda hoje o uso. E, lancei-me às feras.
Ficava-me a "matar" aqueles sapatos de lona com sola de corda e as camisas com bolinhas com várias cores e calças "Levis". Graças aos Porfírios estava na onda psicadélica da época. Estava longe de ser um "beatnicks" mas já usava cabelo comprido. Também usava uma sacola a-tira-colo, que transportava o Emile Zola com o seu "Germinal", uns livrinhos de bolso editados pela "Europa-América" que é fácil ainda hoje de conseguir. Ouvia a estação de rádio "Em Órbita" onde me apercebi da importância social que tinha nas pessoas da minha geração, as canções de Bob Dylan e Leonard Cohen. As minhas preferências políticas e de classe, já iam para a defesa intransigente dos operários e camponeses, mas só de longe vinham os ecos da deflagração estudantil generalizada em Paris, e da invasão soviética na antiga Checoslováquia que dificilmente chegavam a Portugal.
Gostei da praia de Armação de Pera, da vida tranquila de Silves, do deslumbramento que é o espectáculo das amendoeiras em flor, do topless da Monika, da algarviada da Elsa e do Germinal do Zola.
Ficava-me a "matar" aqueles sapatos de lona com sola de corda e as camisas com bolinhas com várias cores e calças "Levis". Graças aos Porfírios estava na onda psicadélica da época. Estava longe de ser um "beatnicks" mas já usava cabelo comprido. Também usava uma sacola a-tira-colo, que transportava o Emile Zola com o seu "Germinal", uns livrinhos de bolso editados pela "Europa-América" que é fácil ainda hoje de conseguir. Ouvia a estação de rádio "Em Órbita" onde me apercebi da importância social que tinha nas pessoas da minha geração, as canções de Bob Dylan e Leonard Cohen. As minhas preferências políticas e de classe, já iam para a defesa intransigente dos operários e camponeses, mas só de longe vinham os ecos da deflagração estudantil generalizada em Paris, e da invasão soviética na antiga Checoslováquia que dificilmente chegavam a Portugal.
Gostei da praia de Armação de Pera, da vida tranquila de Silves, do deslumbramento que é o espectáculo das amendoeiras em flor, do topless da Monika, da algarviada da Elsa e do Germinal do Zola.
Postado por Carlos II às 17:04:00 4 comentários
Subscrever:
Mensagens (Atom)