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O Homem sem Qualidades

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Acreditem que não fui este fim-de-semana ao Estoril Open. Não tenho por hábito ir ao futebol. Nas férias não jogo golfe. Causa-me impressão e não estou minimamente preparado para discursos perante grandes auditórios. Não sou jurista e a contabilidade aborrece-me todos os dias. Os cálculos e as engenharias sempre foram para mim motivo de estados febris e de inanição. E, como não estou disposto a sacrificar as minhas dúvidas sobre o republicanismo vigente, convicções e amor- próprio por um cargo, declaro que não irei candidatar-me a presidente do PSD.

Alentejo

quarta-feira, 16 de abril de 2008


Além do Tejo é a extensão do alento. Quilómetros de estradas sem fim, agora com os campos cobertos de uma verdura de várias matizes. Aqui e ali o amarelo, o branco, o purpura, o vermelho das papoilas e o castanho da terra. Mais do que sentir a sensação de um passeio pelo Alentejo, quem passar por estas terras tem que meditar. E como diz o poeta que, nada haja de mais expressivo do que o limite nítido entre a intimidade do homem e a integridade do ambiente.

Percorrido e visitado Alcácer do Sal, encontramos a pequena aldeia de Santa Susana com suas casas brancas e azuis, a caminho de Santiago do Escoural. É no silêncio da paisagem que se enche a alma, mantendo através dos tempos essas características inconfundíveis das terras alentejanas.

Em Santiago pequena aldeia com suas ruas estreitas, os arcos, as silharias, as abóbadas e os coruchéus das suas casas, os pequenos largos, os sabores dos seus vinhos, a açorda de coentro, na casa típica do Manuel Azinheirinha, sentir assim, fora do nosso quotidiano, são sensações únicas.

Árvores

segunda-feira, 14 de abril de 2008





Arredores de Alcácer do Sal
hoje pela tarde

Música

terça-feira, 8 de abril de 2008

Gosto muito de música. Oiço com frequência principalmente nestes dias sombrios e de chuva que se faz sentir. Não podia viver sem ela. É uma antiga paixão. Aprecio todo o tipo de música, excepto a chamada música "pimba". E até acho natural que determinados artistas desta área consigam esgotar o pavilhão Atlântico. Claro que gostos não se discutem, estudam-se. A meu ver este fenómeno, por exemplo de Tony Carreira, é um caso de estudo. É no sector feminino onde este artista encontra maior eco. É possível verificar isso, no chamado clube de fans e nos concertos. É um público que guarda religiosamente todas as fotos e cassetes e vai a todos os concertos e sessões de autógrafos do artista. Assim como os consumidores de novelas e de revistas cor-de-rosa, este público pretende rever-se nestas personagens construídas para seu deleite. Sonham um dia, ser como elas. Viverem um amor assim. Viverem numa casa assim. São sobretudo, mulheres mal amadas, com vidas difíceis e não consentâneas com a vida que julgam que essas personagens possuem. É este sítio da psique destas pessoas que estes fenómenos entram facilmente. Trata-se de uma catarse. Julgo que essas pessoas jamais apreciam a beleza e a arte de um bom poema cantado ou de uma melodia bem construída ao ponto de nos emocionar, tal como, Brel ou Bach, Dylan ou Mozart. Leonard Cohen ou Wagner. Gostos não se discutem, estudam-se.

Abril com O´Neill

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Auto-Retrato

O´Neill (Alexandre), moreno português,
cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui, uma pequena frase censurada...)
No amor? No amor crê (ou não fosse ele O´Neill!)
e tem veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
que são a semovente estátua do prazer.
Mas sofre de ternura, bebe de mais e ri-se
do que neste soneto sobre si disse...

Alexandre O´Neill