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Equívocos

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A única livraria digna de registo em Peniche, é uma loja pequenina, onde os livros, jornais, revistas, se acotovelam e se estendem por tudo quanto é sítio. Ainda possuem a colecção completa dos livros da colecção RTP, além de outras edições de bolso muito antigas, paralelamente às mais recentes edições do mercado.

- A dona Isabel vai comprar todos os dias o jornal e a sua revista de mexericos e está a par de todas as tropelias dos famosos, além dos crimes que aparecem por esse país fora, normalmente de fontes muito bem informadas. No seu jeito típico de falar das pessoas de Peniche, quase a cantar, pergunta pela sua revista. Pagou, disse uma graça, voltou-se rápido e para evitar o "El País" e o monte de revistas "Única" do "Expresso" que estavam no chão, acabou por me pisar. Fiz um passe de magia para evitar cair em cima das sobras do "Diário de Notícias" e ao ouvir a Dona Isabel se desculpar num I´m sorry! bem pronunciado. Retorqui. Não tem de quê!

Crepúsculo

terça-feira, 19 de agosto de 2008


Há medida que a idade vai avançando, sinto que regressaram alguns medos iguais àqueles que nos povoaram a nossa existência quando fomos crianças.

Além de cada vez ter mais medo de andar de avião e apesar de cantar Peniche, a verdade é que ainda não fui visitar as Berlengas, por receio de atravessar aquela parte do Atlântico, apesar de ter inteira confiança no alto profissionalismo dos tripulantes do barco "Avelar Pessoa", que em 4o minutos faz a travessia, às vezes contra ventos e marés que é de arrepiar. É como voltar à gesta quinhentista.

Dizem, contudo, que vale a pena o desembarque, porque as Berlengas é o contacto com a natureza em estado selvagem. Mas preciso de mais coragem. Ninguém é perfeito.



III - Crónica da Passagem dos Dias

Valorizar os Dias

terça-feira, 12 de agosto de 2008


Pode-se perguntar, o que fazemos aos dias despreocupados das férias? O que se faz para melhor passar o tempo. Ou melhor "matar" o tempo. Dou por mim, a passear no jardim das Caldas da Rainha, a dar de comida aos patos no enorme lago artificial. Claro que, dá-se um mergulho na Foz do Arelho. Prova-se a ginjinha em Óbidos e caminha-se junto ao molhe Leste, apreciando as ondas furiosas contra as rochas junto da Fortaleza. Á noite na esplanada do Oceano, aprende-se melhor a palavra "amigos de Peniche", e fala-se do comportamento dos patos das Caldas da Rainha e do aquecimento global. Ao som do hino da Maria da Fonte tocado pela banda da filarmónica local, assiste-se à abertura da feira do vinho no Bombarral. A prova dos vinhos em exposição fica para mais tarde, assim como a visita à Quinta das Cerejeiras, onde é produzido o néctar. Claro que, no dia seguinte dá-se um mergulho na praia da Alfarroba, depois de terminar a leitura de "Os Males da Existência" de António Sousa Homem. Valoriza-se o supérfluo, mas é altura de se rejeitar a televisão, as desgraças, e os negócios do Estado. Com o tempo vamos ficando mais leves e mais torrados e um pouco mais velhos. Só um pouco.

II - Crónica da Passagem dos Dias

Passagem dos Dias

terça-feira, 5 de agosto de 2008



Já lá vai o tempo em que passava horas a derreter o corpo ao sol no imenso areal. A olhar o mar e o seu horizonte. Hoje em dia estou menos exposto à obrigatoriedade de ter o tom bronzeado da pele. Isso já não me diz nada. O que continuo a apreciar é a sociabilidade na época balnear e a despreocupação dos dias. Sobretudo à noite numa esplanada em amena cavaqueira, com a família, amigos ou conhecidos de outras férias. Isso ainda é possível em Peniche. Os temas das conversas variam de ano para ano, conforme o que de mais relevante se passou nos noticiários da nossa televisão, durante as anteriores estações do ano. Os temas geralmente não são tratados ao pormenor e salta-se com facilidade de um para outro tema, no intervalo de um pedido de um cone recheado de gelado de apenas dois sabores. É o touch and go.

O mês de Julho é o melhor mês para se passar uns dias gloriosos de sol em Peniche. O Agosto é mais traiçoeiro, normalmente com as neblinas bem cedo e as nortadas por vezes a estragar o dia para a turba estendida no imenso areal. É nessa altura que os nossos amigos, uma vez convidados a passar uns dias connosco, perguntam espantados de como é possível escolher passar as férias na antiga ilha Pelágia, agora encostada ao continente, formando uma península, a cidade de Peniche.



I - Peniche - Crónica da Passagem dos Dias