RSS

1º. de Dezembro de 1640

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Quem é que não gosta de ver um rapaz que tem o sangue na guelra, e que se atira assim. A flor da fidalguia portuguesa ali morreu. Outros ficaram prisioneiros. Os soldados fugiram. D. Sebastião desapareceu e não deixou descendentes. No meio do caos sucedeu-lhe seu tio, o cardeal D. Henrique que não era pessoa esperta. Perdeu-se Portugal. Quem se aproveitou da desgraça foram os espanhóis sob a batuta de Filipe I, segundo de Espanha. O que ganhámos em estarmos juntos com a Espanha? Foi termos à perna os ingleses e os holandeses. Os fidalgos, em Lisboa, sentiam-se cada vez mais dispostos a mandar os espanhóis para o diabo. Corria uma onda de protestos e uma imprensa clandestina que clamava pelo duque de Bragança, D. João. Com Filipe III que nomeara para seu primeiro-ministro, o conde-duque de Olivares, que imaginou que havia de acabar com os privilégios das províncias, principalmente com os de Portugal no Brasil, nomeou a duqueza de Mantua, e para secretário do governo um português, Miguel de Vasconcelos, que era um bom velhaco, principalmente para os seus compatriotas. A revolta generaliza-se e a conspiração protagonizada por João Pinto Ribeiro e de D. Antão de Almada sai à rua. Morto Miguel de Vasconcelos, desarmam a guarda, abrem as janelas e dão vivas ao duque de Bragança, rei de Portugal e ao sr. D. João IV. Parecia que o país não tinha feito senão acordar de um pesadelo.

Numa altura em que andam prái muitos Migueis de Vasconcelos travestidos de democratas olhando só para os seus próprios interesses e vaidades, é necessário que os portugueses pensem nesta importante data e que não considerem somente mais um feriado que se cumpre.

Amizade(s)

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Há a amizade institucional. Aquela que se estabelece nos locais de trabalho. Um dia aparece a reforma. Levemos um pontapé no rabo e vamos para casa. Cheios de saudades de uma vida activa e de contactos inter-pessoais. Desfazem-se os contactos. Tudo terminou.

Nas amizades online, por serem muitas das vezes virtuais, servem os seus fins meramente circunstânciais. Alguns relacionamentos tornam-se uma armadilha. Também não são profícuos.

Bem, nas amizades que vêm da adolescência, estas por serem naturalmente mais antigas, há uma relação mais duradoira. Uma certa cumplicidade existente, contudo, se desmorona, porque cada um tem a sua vidinha, como sempre difícil. Aparece os esposos, os filhos, as sogras os cunhados.

O que resta? O Amor. Esse é eterno.



Varanda de Pilatos

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Nau dos Corvos (Peniche)


Pôr do Sol (Berlengas)


[...são as Berlengas o aceno mais familiar e significativo. A sua presença, simultâneamente brumosa e próxima, ensinou-nos que a pátria tinha prolongamentos, pedaços que a fúria do mar destacou e afastou do corpo materno, mas que esperavam lá longe, entre espumas e medos, que uma nau portuguesa os achasse e reintegrasse no aconchego da origem.] Miguel Torga


A Vida é Bela

sexta-feira, 16 de novembro de 2007


Franz Kafka Só me sinto verdadeiramente eu quando sou insuportavelmente infeliz.

Tal como eu, declaro que sim. Dia em que não exista um acontecimento ou um facto que me aborreça, não é bom para mim. Necessito de controvérsia, que me coloquem problemas, que me afrontem. Nunca gostei de palavras elogiosas a meu respeito. Sinto-me mal. O que eu desejo é que os outros sintam que eu existo. Preciso de causar impressão. Boa ou má não interessa. Quando nada se impõe na minha vida, os dias tornam-se insólitos e opressivos. Nós para sermos verdadeiramente felizes, temos que possuir aquela dose de infortúnio e desalento e arranjar maneira de os melhor resolver. Isso é viver.


Pedras que Falam

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Domingo cheio de sol e luz radiosa no Alentejo profundo. Visita à cidade do Alandroal e sítios arqueológicos que testemunham a presença dos nossos antepassados lusitanos. Dia tranquilo propício à contemplação. Uma viagem na terra do Endovélico, o Deus dos Lusitanos.


Rocha da Mina

A Rocha da Mina é um santuário rupestre implantado num conjunto de rochedos, onde se pode observar em toda a sua beleza, a serra d' Ossa. As escadas e os pavimentos talhados na rocha são elementos habituais num número significativo de santuários-romanos, sendo interpretados como "altares de sacrifícios".

Quadro

quarta-feira, 7 de novembro de 2007


Nenhum objecto ouve mais parvoíces que um quadro. A. Bucci

Arquivos III

domingo, 4 de novembro de 2007

Depois de ter conhecido a guerra do Ultramar por dentro, comecei a interessar-me por esta questão tão importante para toda a minha geração e por identificar-me com as correntes de contestação àquela guerra. A publicação do livro de A. Spínola, "Portugal e o Futuro" foi uma pedrada no charco. Li-o num dia. Tornei-me um leitor compulsivo de obras de teóricos do marxismo, mas foi a trilogia de Jorge Amado, "Subterrâneos da Liberdade" que me influênciou extraordináriamente, a apar de um caderninho cor-de-rosa que era publicado periodicamente, "O Comércio do Funchal", cujos redactores eram, Jorge Sampaio, Vicente Jorge Silva, Medeiros Ferreira, entre outros, na altura estudantes na universidade. Cadernos que abordavam temas, tais como, política, o marxismo e o movimento estudantil, o neo-realismo no cinema e na litertatura, o Maio de 68 em França. Estava assim feita a minha decisão de aderir ao marxismo-leninismo e o meu desejo de também mudar o Mundo. A minha intervenção política e partidária deveu-se ao facto de ser recrutado por amigos, que se encontravam no exílio e que tinham fugido à tropa, e ao meu desejo de fazer uma intervenção na área da política e não ficar circunscrito ao idealismo de sofá. Tornei-me militante no Partido Comunista de Portugal (marxista-leninista). Estava a decorrer um processo alquímico dentro de mim.
Foram maravilhosos esses tempos, em que se lutava por um ideal e não por normas carreiristas, ao serviço de interesses instalados, tal como hoje se verifica.
Mas, quanto éramos ingénuos, mas de uma ingenuidade saudável. Em que ainda se acreditava na natureza humana. Percebem?